Epilepsia x Escola

Crianças e jovens com epilepsia podem e devem frequentar a escola e informação é a melhor estratégia

POR MAGALI BALLOTI

A epilepsia é uma condição neurológica que acomete aproximadamente uma em cada 100 pessoas. É caracterizada pela ocorrência de crises epilépticas, que se repetem em intervalos variáveis. Tais crises são as manifestações clínicas de uma descarga anormal de neurônios.1

Mesmo sendo uma condição bastante comum, muitos pacientes enfrentam algumas dificuldades que geram consequências físicas, psicológicas e sociais e na qualidade de vida. No caso de crianças e jovens em idade escolar tais dificuldades podem gerar situações desconfortáveis para o paciente com epilepsia. Por isso, é preciso informação para entender o que é a doença e reduzir o preconceito.

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) possui um programa de capacitação de autoridades e funcionários escolares para inclusão de crianças e adolescentes com epilepsia no contexto escolar. A ABE chama a atenção para a necessidade do preparo de pais e mestres, seja para uma colaboração efetiva com o processo de aprendizagem, seja para a identificação e primeiros socorros em casos de crise.2

Iniciado em 2017, o programa da ABE busca habilitar autoridades escolares e funcionários das redes de ensino a obterem o entendimento básico sobre epilepsia, para que consigam prestar os devidos cuidados aos alunos acometidos pela doença. Dessa forma, os profissionais da educação poderão aliar conceitos a atitudes corretas, contribuindo para combater e prevenir o preconceito, o bullying e a exclusão.2

Veja abaixo algumas dicas que podem ajudar as pessoas com epilepsia a conviver bem no ambiente escolar.2
Professores bem-informados que assistam uma crise epiléptica podem fornecer dados importantes aos pais do aluno, possibilitando diagnóstico e tratamento, auxiliando assim o processo da estabilidade. Sabe-se que o tratamento será mais eficaz quanto mais cedo for iniciado.

A maioria dos casos de epilepsia inicia-se na infância, adolescência e terceira idade e o controle das crises é mais fácil quanto mais precoces forem o diagnóstico e o tratamento. É importante salientar que o professor pode observar sonolência excessiva e baixa concentração, sintomas que devem ser comunicados ao médico que acompanha o aluno para melhor adequar a dose e o horário da tomada da medicação. Uma pequena carta ao médico auxilia na condução do caso da melhor maneira.

Quando falamos sobre crises, talvez a primeira imagem para os que não têm muito conhecimento sobre o assunto é a de alguém salivando excessivamente, tremendo de forma descontrolada e caído no chão. Porém, alguns comportamentos que também podem sinalizar crise, não são tão característicos, e isso deve ser observado com maior cuidado no ambiente escolar. Alguns destes comportamentos são: pessoa puxando as roupas, parecendo embriagada, vagando sem rumo, com o olhar perdido, confusa ou, em caso de queda, corpo enrijecido etc.3

Se a crise for assistida pelos colegas do aluno com epilepsia, deve-se aproveitar a oportunidade para dar uma explicação simples sobre o ocorrido e sobre o que fazer para ajudar, caso ocorra uma nova crise.2 Salientar que crises não doem e não são contagiosas (veja abaixo como proceder na ocorrência de uma crise). A discussão e a prática de primeiros socorros podem ajudar a desenvolver uma atitude de aceitação. É importante que o aluno com epilepsia seja incluído nessa discussão.

Durante a crise: fique calmo e peça para que toda a classe fique calma. Não tente parar a crise e cuide para que o aluno em crise não se machuque, mantendo-o longe de qualquer objeto que possa feri-lo, colocando qualquer coisa macia sob a cabeça. Não coloque nada na boca do aluno em crise. Deite-o de lado com a cabeça elevada para que possa respirar bem e não aspirar o conteúdo do estômago para os pulmões.2

Após a crise: espere que a crise termine espontaneamente e depois deixe-o repousar ou dormir, ficando com ele até que se recupere. O aluno deve ser levado para o atendimento médico especialmente quando for a primeira crise, se a crise durar mais de 10 minutos, se ela se repetir em intervalos breves, ou se o aluno tiver sofrido algum tipo de ferimento. Em casos de dúvida, sempre levá-lo ao serviço de saúde mais próximo ou chamar o resgate. Avise a família e questione sobre eventos anteriores assim como o uso de medicamentos para epilepsia. É comum que os pais omitam a informação sobre o tratamento da epilepsia em seus filhos pelo medo de discriminação. A falta da tomada de medicamentos é a maior causa de crises na escola.2

É importante salientar que qualquer pessoa pode ter epilepsia. A ABE alerta que a epilepsia não atinge determinada classe, religião, padrão físico, biológico ou estético e que a maioria das pessoas que têm a doença podem levar uma vida normal com acompanhamento regular e uso de medicação.3

Referências

1Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde. Dia Internacional da Epilepisia. Website acessado em julho/22. 14/02 – Dia Internacional da Epilepsia | Biblioteca Virtual em Saúde MS (saude.gov.br)
2Associação Brasileira de Epilepsia. Programa de capacitação para inclusão de crianças e adolescentes com epilepsia no contexto escolar. Website acessado em julho/22. Projetos - ABE | Associação Brasileira de Epilepsia (epilepsiabrasil.org.br).
3Centro do Professorado Paulista - Atenção com a epilepsia: na crise, saiba ajudar o estudante na escola. Website acessado em julho/22. Atenção com a epilepsia: na crise, saiba ajudar o estudante na escola (cpp.org.br)

Material destinado ao público geral. BRZ2249909. Setembro/2022.

Abbott Center
Central de Relacionamento com o Cliente
0800 703 1050
abbottcenter@abbott.com

MOST READ