Mudanças necessárias para enfrentar novos surtos de doenças

Especialistas em vigilância viral abordam o estado atual da preparação para pandemias.

Quais são as prioridades dos especialistas em virologia, epidemiologia e doenças infecciosas de todo o mundo sobre como estão preparados para novas pandemias? Essa foi a questão levantada pela nova pesquisa da Abbott. A grande descoberta foi que, embora a maioria concorde que a preparação melhorou desde a COVID-19, os entrevistados afirmaram que ainda existem lacunas significativas na criação de programas de vigilância para identificar patógenos emergentes, no financiamento da saúde pública e na capacidade de infraestrutura de testes adequada.1

A pesquisa Pandemic Preparedness Survey (Pesquisa de preparação para pandemia), encomendada pela Abbott Pandemic Defense Coalition (Coalizão de Defesa contra Pandemias da Abbott), perguntou a mais de 100 especialistas em virologia, epidemiologia e doenças infecciosas de todo o mundo sobre suas prioridades para lidar com as lacunas na prontidão para surtos de doenças, suas opiniões sobre como as mudanças no meio ambiente estão afetando as doenças infecciosas e suas sugestões para a criação de um sistema de saúde resiliente capaz de identificar e responder a surtos de doenças emergentes em todo o mundo.

"Assim como os cientistas desenvolveram sistemas de monitoramento sofisticados para rastrear tempestades e furacões emergentes, nosso trabalho como caçadores de vírus é identificar os patógenos que têm o potencial de desencadear surtos para ficar um passo à frente", afirma Gavin Cloherty, Ph.D., chefe de pesquisa de doenças infecciosas da Abbott e da Abbott Pandemic Defense Coalition. "A vigilância de doenças funciona como nosso radar, ajudando-nos a priorizar quais vírus têm mais probabilidade de desencadear um surto e onde esses surtos podem ocorrer."

Quando solicitados a classificar os tipos de patógenos que têm mais probabilidade de iniciar surtos:1 Os entrevistados se dividiram igualmente sobre se um novo patógeno (50%) ou mudanças em uma doença conhecida (50%) eram uma ameaça maior para surtos em larga escala. Entretanto, 94% acreditam que os patógenos virais têm mais probabilidade de levar a surtos generalizados, seguidos por bactérias, infecções fúngicas e parasitárias.

A pesquisa também perguntou aos especialistas em doenças infecciosas sua perspectiva sobre o impacto que as mudanças climáticas poderiam ter sobre a gravidade e a frequência de surtos de doenças infecciosas, incluindo eventos extremos onde vivem insetos e animais. Os especialistas identificaram que os patógenos transmitidos por mosquitos (61%) representam a maior ameaça à saúde humana à medida que o clima muda, em comparação com os patógenos aviários (21%), animais (14%) ou transmitidos por carrapatos (4%).1

Os vírus de mosquitos – dengue, vírus Zika, vírus do Nilo Ocidental e malária – são comuns em áreas tropicais (América Latina, África e Ásia). Os cientistas estão descobrindo que o aquecimento global e o aumento de episódios de enchentes estão levando os mosquitos que podem transmitir essas doenças para novos lugares. Os cientistas preveem que 1,3 bilhão de pessoas poderão ser afetadas pelo Zika até 2050 e 61% da população mundial poderá ser afetada pela dengue até 2080.3-4

Os resultados da pesquisa mostraram que os especialistas em doenças infecciosas acreditam que o rastreamento das mudanças nas variedades de insetos, nos habitats dos animais e em suas migrações, além de eventos climáticos extremos, é importante para entender as mudanças nos padrões de risco de doenças infecciosas.

Como parte da pesquisa, os entrevistados foram solicitados a compartilhar suas prioridades para abordar as lacunas mais urgentes no atual status de prontidão mundial. Programas de vigilância para identificar patógenos emergentes, financiamento para infraestrutura de saúde pública, capacidades de infraestrutura de testes, aumento do número de epidemiologistas e profissionais de linha de frente e o desenvolvimento de testes de diagnóstico foram citados como as cinco principais áreas para investimento. 

Com base nos achados da pesquisa, os membros da Abbott Pandemic Defense Coalition recomendam o foco em três prioridades para manter e fortalecer a capacidade de gerenciar surtos de doenças infecciosas locais, regionais e globais:

  1. A necessidade de abordar as lacunas: os especialistas em doenças infecciosas veem a necessidade de abordar possíveis brechas nos programas de vigilância para identificar patógenos emergentes, financiamento da saúde pública e capacidade da infraestrutura de testes.
  2. Saiba o que estamos procurando: à medida que vírus são descobertos, é importante que a comunidade médica e a população saibam quais vírus podem estar circulando, apontando para a necessidade de continuar fortalecendo os esforços de vigilância e educação.
  3. Entenda o ambiente em transformação: a forma como os seres humanos, os animais e os insetos interagem mudará a dinâmica dos surtos de doenças infecciosas. São necessárias pesquisas contínuas e investimentos em novas tecnologias para ajudar a entender como essas dinâmicas ocorrem localmente para ajudar a orientar uma preparação mais eficaz.

COVID-19: uma fonte de aprendizado

Segundo Mary Rodgers, Ph.D., pesquisadora associada da divisão de diagnósticos da Abbott e membro da Abbott Pandemic Defense Coalition, uma descoberta fascinante da pesquisa foi que, com a mudança climática, devemos dar mais atenção às doenças transmitidas por mosquitos. Para ela “o maior desafio não está na necessidade de novas tecnologias. Em vez disso, podemos aproveitar tudo o que aprendemos durante a pandemia da COVID-19 para construir um sistema robusto, resiliente e duradouro que se concentre em identificar e orientar a resposta a ameaças emergentes ao redor do mundo”.

Quer mais dados sobre a pesquisa? Clique aqui e acesse o relatório completo (em inglês).

Referências:

1 APDC Pandemic Preparedness Survey. O relatório completo está disponível no site Abbott.com.
2 Organização Mundial da Saúde. Research response to pathogen X during a pandemic. Recuperado de https://www.who.int/news-room/events/detail/2024/01/19/default-calendar/Research-response-to-pathogen-X-during-a-pandemic
3 Smith, P. et al. (2024) Climate change impacts on global biodiversity. Global Change Biology, 30(2), 123-145. https://doi.org/10.1111/gcb.15384
4 Brown, L et al. (2019) Microbial interactions in the human gut. Nature Microbiology, 4(8), 1234-1245. https://doi.org/10.1038/s41564-019-0476-8

Important safety information

* Mary A. Rodgers, Ph.D.

Áreas de especialização: Programa de Vigilância Global da Abbott, caça ao vírus, pesquisa e diagnóstico de doenças infecciosas.

Mary Rodgers, Ph.D. é Pesquisadora Associada na área de Diagnósticos da Abbott. Em sua função, Mary gerencia pesquisas da Abbott Pandemic Defense Coalition, a primeira parceria científica e de saúde pública global liderada pela indústria dedicada à detecção precoce e resposta rápida a futuras ameaças pandêmicas. Como parte das ações da coalizão, mais de 20 localidades em todo o mundo monitoram patógenos circulantes e emergentes para ajudar a detectar rapidamente surtos e, em seguida, trabalham em conjunto com as autoridades de saúde para minimizar a propagação.

Ela também rastreia a diversidade de doenças infecciosas, incluindo HIV, hepatite e SARS-CoV-2 para avaliar o impacto da nova variante nos testes de diagnóstico. Em 2019, Mary e uma equipe de cientistas da Abbott anunciaram a descoberta de um novo subtipo de HIV e disponibilizaram a sequência para a comunidade global de pesquisa. Esta pesquisa marcou a primeira vez em 19 anos que um novo subtipo do HIV-1 Grupo M foi identificado.

Mary ingressou na Abbott em 2014 e é autora ou coautora de mais de 40 artigos de pesquisa e contribuiu com milhares de genomas virais para bancos de dados públicos. Mary foi nomeada uma das 30 Jovens Líderes em Biotecnologia com menos de 40 anos da Business Insider em 2017 e é membro empossado da Volwiler Society da Abbott, que reconhece seus cientistas e engenheiros mais ilustres.

Mary recebeu seu Ph.D. em ciências biológicas e biomédicas pela Universidade de Harvard e completou sua bolsa de pós-doutorado na University of Southern California.