Doações de sangue salvaram a vida deste jovem

Por causa de doadores de sangue altruístas, Pedro Pimenta teve uma segunda chance de viver

Doação de sangue|Nov.25, 2021

POR MAGALI BALLOTI

O sangue é um componente essencial para a vida, mas muitos brasileiros não pensam nisso até que a necessidade seja crítica. Pesquisa inédita realizada pela Abbott revelou que a maioria das pessoas não tem o hábito de doar sangue. Dos 1.052 ouvidos em oito países, 48% afirmam que a ação não faz parte da rotina. No Brasil, a principal motivação para que as pessoas doem sangue é quando acontecem desastres ou episódios que gerem comoção pública. Além disso, 22% doam pontualmente, ou seja, quando algum conhecido ou familiar precisa de ajuda. Medo e desconforto são os sentimentos mais indicados para que a doação de sangue no Brasil não seja frequente.

Durante a pandemia da Covid-19, as doações de sangue despencaram. Por aqui, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 16 a cada mil habitantes são doadores de sangue no país, o que corresponde a 1,6% da população brasileira.1 Mas é importante saber que, em geral, uma doação pode salvar até 4 vidas. Como o caso de Pedro Pimenta, cuja vida foi salva por uma corrente de doadores, muitos deles desconhecidos. Ele precisou de várias transfusões de sangue, cerca de 3,5 vezes seu volume de sangue no corpo. Conheça sua história abaixo.

“Para quem não me conhece, tenho 30 anos, sou economista e CEO & Cofundador da Da Vinci Clinic. Minha história está totalmente ligada à missão da Abbott: transformar a vida das pessoas por meio de tecnologias inovadoras e ajudá-las a viver melhor, e com mais saúde. Vou contar um pouco de mim e você vai entender.

Em 2009, aos 18 anos, contraí um tipo fatal de meningite – meningococcemia: infecção grave causada por uma bactéria – que quase me custou a vida. Na infância fui vacinado contra meningite A e C. Infelizmente não recebi a vacina contra o tipo B. Eu estava em estado grave e com menos de 1% de chance de sobreviver.

O preço de uma segunda chance seria alto: amputar braços e pernas

Fiquei um mês internado, contraí uma infecção hospitalar e os médicos decidiram amputar, mas acreditavam que eu não sobreviveria a uma cirurgia de quatro amputações. Voltei a ter menos de 1% de chance e, confesso, fiquei com medo, pois sabia que podia morrer. Após a cirurgia, me colocaram em coma induzido por duas semanas. Ao sair do coma tive um choque: os braços foram amputados acima dos cotovelos e as pernas acima dos joelhos. Num primeiro momento pensei que que minha vida tinha acabado. Mas depois decidi que teria de aprender a conviver com esse novo corpo.

Atualmente, estou dedicado a compartilhar minha vivência na reabilitação na clínica para amputados que criei, onde pretendo elevar o nível da qualidade de vida dessas pessoas e oferecer condições para que tenham mais independência por meio de próteses inovadoras e recebam acompanhamento de psicólogos e nutricionistas e outros profissionais de saúde.

Nessa trajetória, morei sozinho nos Estados Unidos, mesmo depois de minha reabilitação; viajei pelo Brasil dando palestras sobre minha história, sempre ressaltando a importância da prevenção por meio da vacinação, e, é claro, incentivando todos a doar sangue regularmente. Esta última é uma ação que pode ser feita por todos e pode salvar vidas.

Reforço essa afirmação, pois durante meu tratamento, precisei contar com a ajuda de conhecidos e desconhecidos. Recebi várias transfusões, exatamente 3,5 vezes o meu volume corporal de sangue. Toda essa corrente do bem me inspirou a transformar o outro, na tentativa de retribuir toda a solidariedade que recebi. Foi incrível ver que, em algum momento, eu era feito de pequenas partes de pessoas que eu nem conhecia. Esta segunda chance transformou minha jornada, precisei reaprender a viver. Posso dizer que hoje vivo de forma 100% independente, utilizando minhas próteses.

Uma dica: informe-se sobre doação de sangue e faça a sua parte, seja doando, seja inspirando outras pessoas a doar, seja divulgando a campanha em suas redes sociais. Milhares de pessoas agradecem!”

Referência

1 Fundação Oswaldo Cruz – Website acessado em novembro 2021 - Bancos de sangue estão com estoque baixo na pandemia

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