Conheça os tipos de desnutrição

A desnutrição pode assumir muitas formas.

Embora a maioria das pessoas entenda a desnutrição como subnutrição ou baixo peso corporal, o peso corporal por si só não é tudo. Mesmo quando há perda muscular, o peso corporal pode não mudar. Os tipos de desnutrição podem assumir muitas formas, incluindo:

  • Subnutrição
  • Ingestão inadequada de vitaminas e sais minerais
  • Sobrepeso/obesidade
  • Doenças não transmissíveis relacionadas à nutrição

A desnutrição afeta diversos aspectos da vida, tais como a qualidade de vida, a imunidade do nosso corpo e até a capacidade de manter a nossa independência. Por isso, entender a desnutrição é importante para assumir o controle da sua saúde e da saúde de seus entes queridos. Saiba mais sobre as populações em risco, principais causas, sinais e sintomas, e como reduzir os riscos de desnutrição.

Pessoas em risco de desnutrição

A desnutrição pode afetar as pessoas que têm acesso limitado a alimentos nutritivos ou aquelas que apresentam problemas de digestão, absorção ou certos problemas metabólicos. Estas são algumas populações em risco de desnutrição:

  • Famílias de baixa renda
  • Pessoas com doenças crônicas ou lesões
  • Idosos, que podem perder o paladar, bem como a capacidade de fazer compras e cozinhar

Causas da desnutrição

As causas comuns de desnutrição incluem, entre outras:

  • Insegurança alimentar. No Brasil, em 2022, 33,1 milhões de pessoas foram consideradas em situação de insegurança alimentar1, o que significa que eles reduziram sua ingestão alimentar ou mudaram seus padrões alimentares devido à falta de dinheiro para comprar os alimentos. A pobreza é uma faca de dois gumes. Embora possa levar à subnutrição, ela também pode ocasionar outras formas de desnutrição, como a ingestão inadequada de vitaminas e sais minerais ou o desenvolvimento de sobrepeso ou obesidade, uma vez que alimentos mais baratos geralmente são mais ricos em calorias e pobres em nutrientes essenciais.
  • Condições médicas subjacentes. Pacientes hospitalizados, pessoas que estão se recuperando de lesões ou doenças e pacientes com doenças crônicas ou problemas metabólicos que afetam a digestão ou absorção terão maiores necessidades nutricionais porque as demandas sobre o corpo são maiores. Eles podem não conseguir satisfazer essas necessidades, o que aumenta seu risco de desnutrição. Condições médicas subjacentes também podem afetar a capacidade de mastigar, deglutir ou tolerar alimentos.

Baixa qualidade de nutrientes. É possível obter calorias suficientes, mas ainda assim apresentar desnutrição na forma de deficiência de micronutrientes. Embora os micronutrientes em si não forneçam calorias, eles ajudam o corpo a utilizar a energia das fontes calóricas armazenadas e promovem a saúde geral. Alimentos altamente calóricos (como salgadinhos, doces e refrigerantes), geralmente contêm baixos níveis de micronutrientes. Uma pessoa que consome esses tipos de alimentos com frequência provavelmente ingerirá mais calorias do que precisa, mas não as vitaminas e sais minerais suficientes, resultando em uma deficiência de micronutrientes. 

Sinais a observar

Os sinais e sintomas da desnutrição incluem:

  • Perda de peso não intencional
  • Dificuldade para realizar atividades cotidianas
  • Sensação de cansaço ao realizar atividades que antes não eram cansativas
  • Braços e pernas finos com inchaço de abdome e face
  • Falta de apetite
  • Queda de cabelo
  • Pele seca ou erupções cutâneas
  • Adoecimento frequente
  • Sensação de frio frequente
  • Glicemia alta (pré-diabetes) ou diabetes tipo 2
  • Colesterol HDL, LDL e total anormais
  • Pressão arterial baixa ou alta

Doenças crônicas como a coronariopatia (doença das artérias do coração), pressão arterial alta, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes tipo 2, sobrepeso/obesidade e deficiência de micronutrientes também podem ser causadas pela nutrição inadequada.

Estudo de pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), ligado à FSP-USP, realizado junto a pesquisadores de outras instituições incluindo a Fiocruz, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidad de Santiago de Chile, calcula que o número de mortes associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados pode chegar a aproximadamente 57 mil ao ano no Brasil2, com base em dados demográficos e de mortalidade consolidados referentes ao ano de 2019. Nos EUA, pesquisas indicam que 1 em cada 5 mortes prematuras por doença cardiovascular3 podem ser prevenidas pela melhora da nutrição.

Como reduzir o risco de desnutrição

Em geral, as pessoas desnutridas podem necessitar de cuidados nutricionais adicionais de seus profissionais da saúde:

  • Programas de assistência alimentar.  No Brasil, há diversos programas públicos ou de organizações não governamentais, além de programas como os de merendas escolares – para ajudar na alimentação de famílias carentes e promover o acesso a alimentos.
  • Suplementos nutricionais orais. Estes constituem uma importante estratégia de cuidados nutricionais que pode preencher as lacunas na nutrição ao proporcionar as calorias, proteínas, vitaminas e sais minerais necessários. Eles são geralmente utilizados para complementar as refeições quando apenas o alimento não é suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais diárias. Os suplementos nutricionais orais também são importantes para pessoas com baixo apetite que não estão consumindo alimentos suficientes.

A boa nutrição é o pilar da saúde. Ela desempenha um papel essencial para estimular a recuperação de doenças, bem como o sistema imune, a força, a capacidade de cicatrização entre outros. Se você ou um ente querido está preocupado com um risco de desnutrição, fale com um profissional da saúde.

Referências

1 Oxfam Brasil - Fome avança no Brasil em 2022 e atinge 33,1 milhões de pessoas. Acessado em janeiro/2023. Fome avança no Brasil em 2022 e atinge 33,1 milhões de pessoas | Oxfam Brasil.
2 Faculdade de Saúde Pública – Universidade de São Paulo - Mortes prematuras atribuíveis ao consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. Acessado em janeiro/2023. Pesquisadores calculam 57 mil mortes ao ano no Brasil associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados – Faculdade de Saúde Pública da USP
3 Springer Nature - Cardiovascular mortality attributable to dietary risk factors in 51 countries in the WHO European Region from 1990 to 2016: a systematic analysis of the Global Burden of Disease Study. Acessado em janeiro/2023. Cardiovascular mortality attributable to dietary risk factors in 51 countries in the WHO European Region from 1990 to 2016: a systematic analysis of the Global Burden of Disease Study | SpringerLink
4 Nutrition Gov - Food Assistance Programs. Acessado em janeiro/2023. Food Assistance Programs | Nutrition.gov.

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