Perguntas sobre a varíola dos macacos, respondidas por um especialista

Jorge Osorio —especialista em varíola dos macacos e parceiro da Coalizão de Defesa contra Pandemias da Abbott — esclarece dúvidas sobre o vírus

Todo novo surto de um vírus traz consigo novas dúvidas.

Depois que o vírus da varíola dos macacos (abreviado como “MPV”, do inglês “monkeypox virus”) se espalhou para quase 30 países ao redor do mundo, além dos países da África ocidental e central onde foi inicialmente encontrado, as pessoas estão se perguntando: como é transmitido? O que é exatamente? Quais são os sintomas? Temos uma vacina?

Jorge Osorio in lab

Jorge Osorio — especialista residente em varíola dos macacos da Universidade de Wisconsin-Madison e parceiro da Coalizão de Defesa contra Pandemias — tem respostas sobre o vírus.

O que é a varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é uma doença causada pelo vírus de mesmo nome (MPV, do inglês “monkeypox virus”), um vírus zoonótico, o que significa que ele pode ser transmitido de animais para humanos, “e, posteriormente, de humano para humano”, esclarece Osorio.

Como a varíola dos macacos é transmitida?
A varíola dos macacos pode ser transmitida de diversas maneiras. A partir de animais, ela pode ser transmitida por meio do contato físico próximo ou pelo consumo da carne crua de um animal infectado.

Uma pessoa infectada, no entanto, pode transmitir a varíola dos macacos pela saliva, secreções respiratórias, erupções cutâneas, fluidos corporais, peças de tecido compartilhadas como roupas, toalhas ou lençóis, além de outros objetos contaminados como utensílios ou equipamentos não lavados, e até mesmo durante ou após o parto.

A varíola dos macacos é contagiosa?
Sim. Pessoas com a varíola dos macacos são contagiosas enquanto apresentam sintomas, em geral durante 2 a 4 semanas. Segundo Osorio, “ainda não temos certeza” se as pessoas sem sintomas são contagiosas, mas os especialistas em saúde do mundo todo estão tentando descobrir isso.

Com a COVID-19 ainda presente no nosso dia a dia, Osorio faz uma distinção importante: “Não estamos diante de outra COVID-19 aqui”, disse ele. “A COVID é transmitida por meio de gotículas e partículas microscópicas, enquanto a varíola dos macacos é geralmente transmitida por contato físico direto, sendo por isso menos transmissível”.

Sintomas da varíola dos macacos?
Costumam incluir febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas costas, indisposição e erupções ou lesões na pele, em geral concentradas no rosto, palmas das mãos ou solas dos pés. “No entanto”, afirmou Osorio, “algumas pessoas podem não apresentar sintomas”.

Existe uma vacina?
Sim. Há uma vacina aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), e ela está disponível nos EUA para pessoas maiores de 18 anos. Ela está disponível para certas pessoas que tiveram exposições de alto risco à varíola dos macacos. Há também um medicamento antiviral disponível para tratar a varíola dos macacos para aqueles que apresentam doença grave ou que podem estar em alto risco de doença grave, como as pessoas imunocomprometidas. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou recentemente uma nota técnica com orientações para hospitais.

A varíola dos macacos vai se tornar uma pandemia?
Segundo Osorio, a varíola dos macacos é muito diferente da COVID-19. O vírus é menos transmissível.

O que vai acontecer agora?
Especialistas do mundo todo — incluindo nossa Coalizão de Defesa contra Pandemias — já estão de olho em centros parceiros para ajudar a monitorar o desenvolvimento futuro do vírus.

“Estamos observando ativamente e analisando esse vírus para garantir que poderemos identificá-lo, rastreá-lo e testá-lo”, disse Osorio. A Coalizão também está desenvolvendo um teste de diagnóstico para a varíola dos macacos que será compartilhado dentro da Coalizão para pesquisa, e tomaremos medidas para atender a novas necessidades de testes conforme a situação se desenvolve.

Com cada surto novo ou em curso, temos o compromisso de encontrar e oferecer respostas.

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