Como um teste mudou o HIV

2 de março marca mais de três décadas desde um avanço da Abbott: o 1º teste licenciado para o HIV.

1985 nos trouxe o filme "De Volta para o Futuro" e o Live Aid, primeiro show mundial de rock. Também era uma época em que as pessoas acreditavam que você poderia pegar HIV ao tocar uma maçaneta, usar um assento de banheiro ou compartilhar uma bebida com alguém que tinha HIV. Mas, março daquele ano marcou de forma fundamental a luta contra o HIV: o Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o primeiro teste para triagem de doadores de sangue para exposição ao HIV.

Este foi um avanço científico incomparável para a velocidade e a precisão da detecção do HIV no sangue, numa época em que o medo era alto e muitos mitos prevaleciam.

No início da década de 1980, a AIDS era fatal e incurável e estava nas notícias regularmente. As pessoas adiavam a doação e o recebimento de sangue, bem como se submeterem a cirurgias necessárias por medo de contraírem o vírus. O mundo estava em pânico. Eventualmente, os pesquisadores entenderam que o vírus era transmitido por meio de certos fluidos corporais, incluindo o sangue. Mas não havia teste disponível para triagem de sangue, colocando o suprimento de sangue em risco. Na época, em algumas cidades americanas, estima-se que 1 em cada 90 transfusões era infectada pelo HIV.1

Isso mudou em março de 1985, quando o FDA licenciou o primeiro teste para triagem de sangue para exposição ao HIV, desenvolvido pela Abbott. A aprovação marcou o frenético trabalho de nove meses de cientistas da Abbott para desenvolver um teste confiável para triagem de doadores para exposição a um vírus, conhecido então como HTLV-III, que é a causa da AIDS. A aprovação do novo teste foi anunciada pela secretária de Saúde e Serviços Humanos, Margaret Heckler, e pelo comissário do FDA dos EUA, Frank Young, em uma conferência de imprensa lotada em Washington, D.C. Imediatamente, o teste foi adotado pela Cruz Vermelha Americana e outras organizações de sangue em todo o mundo. Após a introdução do teste, o risco de adquirir HIV a partir de uma transfusão tornou-se mínimo. Hoje, milhões de pacientes recebem transfusões de sangue todos os anos.

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Foto de 1985 dos cientistas da Abbott com o 1º kit de teste de HIV, o Abbott HTLV-III. Da esquerda para a direita: Scott Webber, Robin Gutierrez, George Dawson, John Heller.

Dois cientistas da Abbott recordam este ponto alto da carreira

George Dawson disse que "a chave para o nosso sucesso foi que abordamos tudo sistematicamente. Nos encontramos diariamente, dividimos o trabalho e, em seguida, geramos dados durante o dia para que pudéssemos revisá-los no final de cada dia. Usamos essa abordagem para resolver cada obstáculo".

Olhando para trás, Robin Gutierrez comentou que "trabalhávamos à noite ou nos fins de semana, muitas vezes jantando algo das máquinas de venda automática, para manter o progresso deste projeto. Trabalhar neste teste foi realmente uma daquelas oportunidades de 'uma vez na vida’ que nunca vou esquecer. "

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Foto atual dos três cientistas :Robin Gutierrez, George Dawson e John Heller, todos aposentados.

Mais de três décadas depois: uma geração livre de AIDS está ao nosso alcance?

O trabalho da Abbott no HIV não parou em 1985. Desde então, lançamos diferentes testes de HIV e nossa equipe global de vigilância viral está trabalhando 24 horas por dia para monitorar novas mutações e cepas de HIV.

O HIV continua a ser um grande problema de saúde global. Nossas armas para combatê-lo são testes, tratamento e rastreamento contínuo, visto que este é um vírus em constante mutação. Segundo dados da UNAIDS Brasil, cerca de 37,6 milhões de pessoas estavam vivendo com HIV no mundo em 2020. No mesmo ano, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas e mais de 700 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS em 2020.2

O teste e o aconselhamento voluntários permitem que as pessoas que têm HIV saibam seu status, obtenham tratamento e cuidados que salvam vidas e previnem a transmissão do HIV para outras pessoas.

 

Referências
1Busch MP, Young MJ, Samson SM, Mosley JW, et al. Transfusion. 1991; 31: 4-11.
2UNAIDS Brasil – Website acessado em dezembro de 2021 - unaids.org.br - estatísticas.

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