5 maneiras de fazer com que as crianças tenham uma alimentação saudável

Convenhamos: crianças são desafiadoras na hora das refeições, e fazê-las sentar-se à mesa pode parecer uma tarefa impossível. Em alguns casos, para mães e pais conseguir com que elas comam um alimento saudável chega a ser uma vitória. Porém, quando se trata de nutrição infantil, a verdadeira conquista é fazer com que as crianças sejam adeptas de uma alimentação saudável ao longo de toda a vida.

Comece cedo com os bons hábitos
Diversos estudos publicados no periódico americano Pediatrics1 mostram que os hábitos alimentares infantis são consolidados no início da vida, e quanto mais cedo conseguir que as crianças comam alimentos saudáveis, melhor para a saúde delas em longo prazo. Além disso, a nutrição delas é fundamental para o crescimento, desenvolvimento e saúde.

Mas o que mães e pais devem ter em mente é que sua alimentação deve ser um espelho daquela que desejam para seus filhos e suas filhas. Portanto, não adianta esperar que tenham uma alimentação saudável se eles mesmos não adotarem hábitos saudáveis. Muitas vezes a correria do dia a dia faz com que pais e mães não façam um planejamento antecipado para oferecer opções saudáveis, mas é fundamental que isso aconteça ainda na infância, pois a tarefa poderá ser mais árdua com filhos crescidos.

Você pode encontrar informações sobre alimentação infantil no Guia Alimentar para a População Brasileira. Produzida pelo Ministério da Saúde, a publicação traz orientações para a promoção de uma alimentação adequada e saudável, tornando-se um instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no país. É possível acessar um conjunto de recomendações que ajudam a promover a saúde das pessoas, desde a escolha correta dos alimentos, até a forma ideal de combiná-los nas refeições.2

Quando as batatas fritas se tornaram um vegetal?
Um estudo realizado nos Estados Unidos sobre o consumo alimentar com mais de 3.000 bebês e crianças mostrou que eles não comiam frutas (27%) e vegetais (32%), e que batatas fritas eram o “vegetal” mais ingerido.3 Entretanto, é importante destacar que diversas pesquisas mostram que quanto maior for a variedade de frutas e vegetais que uma criança come no primeiro ano de vida, mais chances ela terá para gostar destes alimentos.4

Mostrar o caminho para uma alimentação saudável para as crianças e todos os benefícios que isso pode trazer, como o desenvolvimento cognitivo, é uma grande tarefa. Porém, existem estratégias simples que contemplam criatividade, ação, persistência, exemplo e rotina que podem tornar isso possível.

Veja a seguir 5 dicas para ensinar a criança a comer de forma saudável para a vida:

Criatividade - mantenha um cardápio variado
A variedade na alimentação das crianças é muito importante para o crescimento saudável. Às vezes elas podem rejeitar determinado alimento, como a beterraba, num primeiro instante, mas isso não significa que ela não goste desse alimento. É preciso oferecer outras vezes, e, de preferência, combinar com outro alimento que seja do agrado da criança.

Variar alimentos e ingredientes em cada refeição ajuda a garantir com que a criança receba ampla gama de nutrientes necessários para o crescimento e o desenvolvimento ideal. As diretrizes nutricionais da Academia Americana de Pediatria,5 por exemplo, recomendam alimentar as crianças com vegetais, frutas, grãos, laticínios com baixo teor de gordura (após os 2 anos) e fontes proteicas de qualidade, incluindo carnes magras, peixe, nozes, sementes e ovos. Fica a dica!

Ação - faça com que a criança se sinta parte do processo
Ensiná-las a tomar decisões saudáveis e nutritivas por si mesmas, envolvendo-as no processo, aumenta a probabilidade de torná-las saudáveis na idade adulta.

Uma ideia é levar a criança ao supermercado para que possa escolher algumas frutas ou vegetais. Torná-la parte do processo é fundamental para estabelecer hábitos duradouros. Outra maneira de inseri-la no processo é permitir que escolha pratos, copos e talheres divertidos durante o momento das refeições. Vale a pena tentar!

Persistência - não desista
Mais fácil falar do que fazer, certo? Mas é possível e vale a pena. É importante para que pais e mães mantenham a calma, e não barganhem, inventando mecanismos que na verdade boicotam o desenvolvimento de um hábito novo, como por exemplo, usar a sobremesa como recompensa de um prato limpo. É legal interagir com a criança no sentido de que ela não precisa limpar o prato ou gostar de tudo, mas pelo menos experimente cada um dos alimentos do prato.

Exemplo - alimente-se da forma como você quer que as crianças comam
“Faça o que digo, não faça o que faço” não costuma funcionar muito bem com as crianças; especialmente quando se trata das refeições. Se você, por exemplo, tem o hábito de pular refeições, torna-se mais complicado fazer com que as crianças tenham horários regulares para comer. Ou até mesmo querer que comam frutas e verduras se esses tipos de alimentos não fazem parte de sua própria alimentação.

Os pais devem comer regularmente, sentando-se para as refeições, e optando por uma ampla variedade de alimentos saudáveis para que o exemplo seja seguido pelas crianças de forma natural.

Rotina - sirva três refeições e dois lanches por dia
A correria do dia a dia aliada à falta de apetite das crianças podem muitas vezes resultar em rotinas de alimentação que equivalem a algumas mordidas, uma única refeição completa, e passar por lanchinhos pelo resto do dia. Porém, uma rotina alimentar estruturada, que consista em três refeições e dois lanches por dia, pode tornar as coisas menos caóticas, manter as crianças bem alimentadas e ensiná-las que, se elas não almoçarem naquele momento, deverão esperar até a hora do próximo lanche.

Também é importante certificar-se de que cada refeição e lanche estejam repletos de alimentos saudáveis e integrais.

Lembre-se que você é um espelho para seu filho ou filha, e que seus bons hábitos serão seguidos futuramente.

Este conteúdo foi publicado originalmente em 29 de março de 2019 e atualizado em 31 de janeiro de 2024.

Referências:
1 Pediatrics Official Journal of The American Academic of Pediatrics. Table of Contents. September 2014. Acessado em agosto/2023. Disponível em http://pediatrics.aappublications.org/content/134/Supplement_1.toc
2 Ministério da Saúde - Guia Alimentar para a População Brasileira. Acessado em agosto/2023. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/view
3 Siega-Riz AM1, Deming DM, Reidy KC, Fox MK, Condon E, Briefel RR. Food consumption patterns of infants and toddlers: where are we now? .2010. Acessado em agosto/2023. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21092767
4 Mallan KM, Fildes A, Magarey AM, Daniels LA. The Relationship between Number of Fruits, Vegetables, and Noncore Foods Tried at Age 14 Months and Food Preferences, Dietary Intake Patterns, Fussy Eating Behavior, and Weight Status at Age 3.7 Years. 2016. Acessado em agosto/2023. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26198582
5 American Academy of Pediatrics. Snacks, Sweetened Beverages, Added Sugars, and Schools. Council on School Health, Committee on Nutrition. February 2015. Acessado em agosto/2023. Disponível em http://pediatrics.aappublications.org/content/early/2015/02/17/peds.2014-3902

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